sábado, 19 de novembro de 2011

Natureza atormentada, marxismo e classe trabalhadora – Livro de Gilson Dantas



Apresentação ao livro:
Das crises tipo Fukushima até a contaminação e degradação dos mares, das águas, dos ares, da terra e dos alimentos  de diferentes formas, não existe um único espaço vital onde os resíduos químicos, físicos e biológicos não estejam degenerando a qualidade da vida humana pelo planeta afora e atormentando a natureza.
Este é o ponto de partida para os dois ensaios que compõem este livro.
A primeira parte deste livro ocupa-se de discutir esta questão do ponto de vista de desconstruir  ilusões a respeito de qual a saída para essa devastação ambiental. Uma das ilusões mais freqüentes será objeto de amplo debate aqui: a de que as coisas tendem a melhorar quase que automaticamente, através de um processo de melhorias graduais e parciais; ou seja, a crença de que “as coisas estão melhorando” e que ONGs e novas legislações terminarão por nos conduzir para o caminho ecologicamente correto, revertendo os descaminhos atuais.
A outra ilusão muito mais sutil e envolvente,  inclusive para setores da própria esquerda e de certo marxismo também será examinada e debatida neste livro; trata-se da ilusão de que o sistema capitalista é reformável; em outras palavras, estamos aqui diante da crença – alimentada pela mídia, pela escola e pelos ideólogos da ordem – de que cedo ou tarde conseguiremos reformar o capitalismo para que ele se torne menos destrutivo ou então comece  a empreender uma  nova jornada em direção a uma produção não destrutiva e  uma preocupação  positiva com relação à preservação da natureza.
Outra ilusão sob exame crítico será voltada às ilusões que ainda existam em relação ao marxismo degradado, aquele que unilateralizou a força crítica do pensamento de Marx e que sob a forma dos mal chamados partidos comunistas (na verdade stalinistas) tampouco encaminharam soluções para o problema ambiental.  Aqui se faz necessário um balanço se queremos ir adiante.
Qual a tara deste marxismo parcializado e manco? Como superar esse desvio para trazer de volta uma ferramenta crítica vigorosa, que ao se colocar na perspectiva daqueles que vivem do trabalho e geram a riqueza material moderna, possa revelar sua capacidade de decifrar o problema ambiental e oferecer uma solução revolucionária e estratégica? Como interpretar a questão da devastação  ambiental nos países auto-proclamados comunistas, as mal-chamadas repúblicas populares e recriar a crítica da questão ambiental em moldes mais radicais? 
Trabalhando estas e outras questões de fundo, o desafio dos dois textos que integram este  livro é o de procurar e retomar o  foco mais adequado – que mais possa ir às raízes – para o enfrentamento conseqüente da crise ambiental, social e política.                                                                                  
Brasília/maio 2011