A ação da Polícia Militar fere o princípio da autonomia universitária e compromete a liberdade histórica garantida aos estudantes para se organizarem e defenderem seus princípios na busca por uma educação mais igualitária e pela justiça social em nosso país. O uso da força e da truculência não é a melhor forma de agir frente ao debate que se criou com a decisão autoritária e imediatista da atual gestão da USP, que firmou convênio equivocado com a PM para supostamente aumentar a segurança no campus.
No caso da USP, a questão também envolve outros fatores bem mais importantes, como a formação urbanística no campus, desenhado durante a ditadura militar e que ainda apresenta um modelo não devidamente superado. Foi inclusive durante esse período da ditadura que a ausência da PM nos campi universitários permitiu ao movimento estudantil iniciar os movimentos pela Anistia e liberdades democráticas. Os estudantes lutaram contra essa ditadura, que ainda assim invadia universidades para prender e torturar. No entanto, os estudantes venceram pela via da organização coletiva e da democracia.
É falacioso afirmar que, dentro ou fora da universidade, a simples presença da Polícia Militar seja sinônimo absoluto de segurança para os cidadãos. Sofremos cada vez mais com uma PM atrasada. Defendemos que a USP se debruce em um amplo debate com toda a sociedade para uma política alternativa a PM no combate a toda essa insegurança vivenciada na Universidade, que perpasse por uma USP mais aberta à sociedade, com mais iluminação, ocupação criativa dos espaços e transporte acessível.
A UNE acredita que outras formas devem ser discutidas pela reitoria da USP para que o problema da violência no campus seja solucionado e convida a todos para um amplo debate acerca do problema. Por isso, é urgente a liberação de todos os estudantes que estão detidos neste momento no 91.º Distrito Policial, no Jaguaré, zona oeste da capital paulista.
União Nacional dos Estudantes
8 de novembro de 2011.