quarta-feira, 9 de novembro de 2011

GOIÁS: Esquerda imatura, mas não jovem

Texto publicado em agosto de 2010.
Goiás historicamente divide-se em dois grandes blocos conservadores, desde a histórica rivalidade entre Bulhões e Caiado. No máximo, alteram-se os blocos protagonistas. De 1982 a 1998, a hegemonia era peemedebista; de lá para cá, foi da aliança entre dissidentes do PMDB e conservadores originários na ditadura militar.

Em 2010, estes blocos estão divididos em três candidaturas: a do PMDB, com Iris Rezende Machado, a do PSDB-DEM, com Marconi Perillo e a da dissidência da antiga base de apoio marconista e atual situação, com Vanderlan Cardoso (PR).

O PT E AS ELEIÇÕES EM GOIÁS

Ao olhar a trajetória política eleitoral do Estado percebemos que há uma dificuldade da esquerda em se organizar e se portar no campo eleitoral, transformando-se em eleitorado coadjuvante e determinante, mas nunca em protagonista. 

Em 1982, PCdoB  e PCB encontravam-se vinculados ao PMDB, uma vez que eram ilegais; PT e PDT disputaram as eleições separadamente, ficando respectivamente em 3º e 4º lugares.Na eleição seguinte, PCdoB e PCB legalizados continuaram optando por apoiar o PMDB; PT-PSB-PDT se coligaram em torno de Darci Accorsi (PT), candidato derrotado por fraude nas eleições para prefeito de Goiânia no ano anterior. Ficou em terceiro lugar. O PT elegeu uma bancada de dois deputados estaduais e nenhum federal.

Em 1990, o PDT lançou o dissidente peemedebista Iran Saraiva e foi apoiado pelo PCdoB. O PT lançou Valdi Camárcio ao governo. Ficou em 4º lugar, atrás dos candidatos das elites e de Iran Saraiva. O PT elegeu, novamente, dois deputados estaduais e nenhum federal.

Em 1994, lançou o anapolino Luiz Antônio. Contudo, as elites saíram com três candidatos, e novamente o partido ficou em 4º lugar. Nesta eleição, pela primeira vez, houve segundo turno. O PT optou pela neutralidade entre Lúcia Vânia (PP) e Maguito Vilela (PMDB). O PT elegeu um deputado federal – Pedro Wilson - e elegeu três estaduais.

Em 1998, o PT apoiou um candidato no segundo turno, o que foi decisivo para que Marconi Perillo (PSDB) derrotasse Iris Rezende (PMDB). O PT reelegeu Pedro Wilson e elegeu um deputado estadual.

 Em 2002, o PT lançou Marina Sant’anna à governadora. Marina é a candidata mais bem votada da esquerda goiana ao governo do estado, com 15% dos votos. Marconi Perillo venceu em primeiro turno. O segundo colocado foi Maguito Vilela, do PMDB. O PT elegeu dois deputados federais e quatro estaduais, sendo um deles identificado com os movimentos sindicais e do campo (Mauro Rubem).

Em 2006, o PT lançou o candidato a vice na chapa de Barbosa Neto (PSB), mais um dissidente do antigo PMDB, ficando este em terceiro lugar. O segundo turno foi disputado entre Alcides Rodrigues (PP) e Maguito Vilela (PMDB). O PT apoiou o candidato do PMDB. O PT manteve a bancada federal, mas reduziu a bancada estadual em um deputado. Mauro Rubem é reeleito.

Apesar de algumas movimentações para lançar o deputado federal Rubens Otoni como candidato ao governo do estado, estas não conseguiram arregimentar a força necessária para que fosse possível o PT lançar uma verdadeira alternativa à disputa entre os candidatos do capital. Desta forma, o partido optou por tomar um dos lados, repetindo a aliança PT-PMDB do plano nacional.

Goiás precisa urgentemente de uma real alternativa de esquerda para acabar com a briga de poder entre os candidatos do capital. Ao invés de postar-se como um coadjuvante nesta briga, o PT deveria colocar-se como alternativo a esta falsa polarização. Partindo deste princípio, a AE-GO decidiu:

- Apoiar a candidatura de Pedro Wilson ao senado. Entendemos que se trata da candidatura majoritária do PT e por isso é ela quem vai demonstrar nossa força individualmente, para além da disputa partidária a disputa no senador acontece principalmente contra Demóstenes Torres, que atua no senado contra todas as posturas progressistas e políticas de defesa dos direitos humanos.

- Eleger a maior bancada de deputados federais do PT possível. Escolhemos apoiar a candidata Marina Sant’anna, por sua proximidade com os movimentos sociais de cultura, juventude, cidadania e direitos humanos.

- Eleger a maior bancada de deputados estaduais do PT possível, mantendo o único mandato realmente vinculado aos movimentos sociais da Assembléia Legislativa, que é o mandato do deputado Mauro Rubem – nosso candidato.

Ao atingirmos estas três metas, poderemos nos preparar para os dias que virão de forma a construir uma alternativa de esquerda viável para o estado de Goiás.

Eduardo Loureiro e Mara Emília

Eduardo Nunes Loureiro é militante do PT de Goiânia. Foi membro da Executiva Estadual (2006) e da Executiva Municipal (2007-2009). Atualmente, é da Direção Estadual da AE-GO e da Direção Nacional da Articulação de Esquerda.
Mara Emília Gomes Gonçalves é militante do PT de Goiânia. Foi membro do Diretório Municipal (2007-2009). É militante da AE-GO.