quinta-feira, 29 de março de 2012

Artigo de uma militante petista na França: Eleições presidenciais na França

 Carla Sanfelici
Em plena campanha eleitoral presidencial francesa, o meu filho de 9 anos  perguntou-me o que é um partido de esquerda e de direita. E eis que me vejo na situação de reconhecer que as questões mais simples são as mais difíceis de responder; ou, como dizia o meu pai: “sei até que me perguntem...”.

 Provavelmente o questionamento do meu filho vem do fato que os candidatos que lideram a campanha atual, e que provavelmente se confrontarão em um segundo turno, não deixam claro de quais famílias políticas são oriundos; ou seja da direita, o UMP, e o outro da esquerda, o PS.

 Partindo desta premissa, me remeto ao passado próximo do Brasil e devo reconhecer que se o Lula não tivesse ousado assumir-se de esquerda, de demarcar-se dos demais, provavelmente o povo brasileiro não teria confiado nele e não teríamos conhecido as mudanças radicais que o pais viveu nestes últimos anos.

 E, portanto, na França existe outra opção.E não precisa estar vivendo como se  fosse refém de um sistema bipartidário. Esta opção se apresenta incorporada no Front de  Gauche, com a figura de Jean Luc Melenchon. E, se críticas podem existir quanto ao seu programa, não se pode criticá-lo por aspirar mudanças, por ousar não submeter-se cegamente ao mundo das finanças. Por aqui, o principal argumento dos candidatos é o de que devido a crise, pouco pode ser feito. Melenchon é um dos poucos ( junto com o NPA e LO) que  não recorre a esse chavão confortável.

 E eis que Melenchon subiu ao terceiro lugar nas pesquisas de opinião, provando que o fervor que ele suscitou no último comício dia 18 de março é o resultado de que, ao contrário do que se alardeava, a população francesa segue se interessando pela política. A passeata começou na Praça da Nação  e foi até Bastille.  E reuniu cerca 100 mil pessoas. Sem contar que segue crescendo  nas pesquisas  de opinião (14% de intençao de votos) e  cada comício tem sido um sucesso. Como efeito desse êxito, parte do NPA, que tem como candidato Poutou, chama a votar desde o primeiro turno no Front de Gauche.

Sim, os franceses seguem interessados por  política; mas de uma política que assume claramente posições, que não é asseptizada, desprovida de engajamentos e que reconhece o seu passado, como quando cantam a Marseillaise e a Internacional, dois cantos revolucionários; cabendo ressaltar que o segundo foi engavetado pelo PS.

 Sim, a politica segue sendo movida por símbolos e deve suscitar sonhos, pois se acaso se restringe a esfera do possível será inevitável reconhecer a crise e propor somente reformas e não mudanças.

E ai volto ao caso brasileiro, pois se o PT não tivesse ousado sonhar por mudanças seguiríamos com o Brasil de pré-Lula. E se tivéssemos nos deixado influenciar pelo fatalismo, de que não existiam mais razões para sonhar, que havíamos chegado ao fim das ideologias e mesmo da História? Assim não teríamos vivido a incrível aventura que nos embarcou o Lula e que segue com a Dilma.

Por outro lado, além do cenário de crise européia, estas eleições presidenciais francesas influirão na vida da comunidade brasileira que vive na França. Comunidade esta que gira em torno de 80 mil brasileiros, grande parte indocumentada e vivendo de trabalhos pouco qualificados.

A nossa comunidade viveu os últimos 5 anos de governo Sarkozy com muitas dificuldades, tendo em vista as ações governamentais dirigidas aos estrangeiros em situação irregular. Muito foi feito para satisfazer uma parte do eleitorado do FN que confiou o voto ao governo atual.

Afora isto, a extrema direita está omnipresente, tendo em vista os sucessivos pronunciamentos do Chefe da Casa Civil, que atacou aos Comorianos, aos Ciganos, que defendeu uma pretensa superioridade etnocêntrica ao tentar discriminar as civilizações e as diversas vezes em que demonstrou reticências aos mulçumanos da França. O FN perdeu o monopólio para tratar desses temas e neste tom, pois encontra eco em muitas esferas do partido que esta no poder.

A questão da preferência nacional não é algo defendido unicamente pela extrema direita, onde a questão da alteridade mais do que nunca incomoda. Tem sido fácil designar o estrangeiro como portador de todas as mazelas nacionais, sobretudo porque a dita crise demonstra que os Estados não têm força suficiente para enfrentar, exceto se acaso ousem propor mudanças. Portanto, é simplista designar o imigrante como o responsável.

E não mais se persegue somente o trabalhador pouco qualificado em situação irregular sobre o território, mas se tem dificultado a permanência de estudantes estrangeiros ou pesquisadores de alto nível. A circular de 31 de maio de 2011 (www.universiteuniverselle.fr), que demonstra claramente a vontade de fechar as fronteiras, teve como resposta um movimento de apoio chamado “A universidade é Universal e a matéria cerebral é de todas as cores”.

E as tensões em torno dos imigrantes não param por ai. Um dos principais temas das  eleições presidenciais precedentes foi a questão da segurança. E os candidatos apontam a questão migratória como responsável de todas as mazelas, seja da pauperização da população, da precariedade do emprego, do alto índice de desemprego, da falta de moradias e a perda de qualidade do sistema de saúde e educação. O recente caso de Toulose veio agravar a situação, pois o ato do jovem francês de origem argelina acirrou as tensões e colaborou para separar as comunidades nacionais.

Na lógica eleitoral atual, o pronunciamento de Hollande por um voto útil, um voto anti-Sarkozy, deixa pensar que os companheiros socialistas abandonaram o sonho. Sim!  A política é feita de uma parte de sonho, de aspirações que fazem com que exista a coerência social em torno de proposições, de mudanças e, caso contrário, resta a submissão.

Talvez, ao invés de pregar a austeridade, seria interessante que a esquerda ousasse se assumir enquanto esquerda como tem feito o Front de Gauche e o que, de certa maneira, o PT fez no Brasil, O mesmo Brasil que acreditou que um outro pais era possível.
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Membro do núcleo do PT em Paris, militante da Rede Educação Sem Fronteiras e de um dos coletivos Anti-FN.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Demóstenes, o mafioso e a mídia

Por Altamiro Borges

E ainda tem gente que acredita na isenção da velha mídia! No final de 2011, ela simplesmente escondeu a publicação do livro “A privataria tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro. Agora, ela evita falar sobre a Operação Monte Carlo, que resultou na prisão do mafioso Carlinhos Cachoeira e evidenciou as suas relações íntimas com demo Demóstenes Torres e o tucano Marconi Perillo.

O próprio líder do DEM no Senado, que a mídia projetava como “paladino da ética”, já confessou suas ligações com o criminoso – preso na operação da Polícia Federal sob a acusação de explorar casas de caça-níquel e cassinos ilegais, de montar uma rede ilegal de espionagem, de manter jornalistas na sua folha de pagamento e de nomear integrantes para o governo do PSDB de Goiás.

298 ligações telefônicas

“Sou amigo dele há anos. A Andressa, mulher dele, também é muito amiga da minha mulher”, admitiu Demóstenes Torres. Para piorar, o demo ainda afirmou na maior caradura: “Eu pensei que ele tivesse abandonado a contravenção e se dedicasse apenas a negócios legais”. O implacável opositor dos “malfeitos” nos governos Lula e Dilma dormia com o inimigo. Pobre inocente!

Agora surgem novas revelações. Os grampos telefônicos autorizados pela Justiça comprovam que o senador demo conversou 298 vezes com Carlinhos Cachoeira entre fevereiro e agosto de 2011. Ele tratava o mafioso como “professor”. Até ganhou de presente de casamento uma cozinha. As escutas também mostram que o mafioso era “dono” da área de segurança (segurança!) em Goiás.

"A coisa já está superada"

Apesar do escândalo, os principais jornalões, revistonas e emissoras de tevê continuam em silêncio. Ele só é rompido no próprio estado. É o caso da entrevista publicada no jornal O Popular, de Goiás. Nela, Demóstenes diz que “não pode ser condenado por uma amizade” e, pasmem, comemora o fato das denúncias não repercutirem na mídia nacional:

“Só há repercussão em Goiás, em alguns veículos, e no Correio Braziliense. Fora disso, a coisa já está superada”, festeja o demo.

Alguém ainda tem dúvida sobre a neutralidade da mídia? Será que nos documentos apreendidos e nas escutas telefônicas vai surgir o nome de algum jornalista da grande imprensa que fazia parte da folha de pagamento do mafioso? Por que os “calunistas” da mídia, que tanto bajulavam Demóstenes Torres, estão calados?

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Leia também:

- Demóstenes Torres: o demo "ético" caiu

- Demóstenes Torres desapareceu da mídia

- PSDB tenta salvar os demos do inferno

- A mídia e a ideologia do denuncismo

terça-feira, 20 de março de 2012

Encontro Estadual Setorial de Direitos Humanos do Partido dos Trabalhadores


O PT e a Luta Pelos Direitos Humanos: Avanços, Retrocessos e Desafios!

A Comissão Pró-Setorial de Direitos Humanos do PT Goiás convida a todas e todos militantes do Partido dos Trabalhadores e dos Movimentos Sociais a participarem conosco da plenária estadual pró-Setorial de Direitos Humanos do PT, com a seguinte pauta:

1 – Analise da conjuntura e os avanços, retrocessos e desafios das lutas pelos Direitos Humanos no Brasil e em Goiás; 2 – Eleição da Coordenação Estadual Setorial de Direitos Humanos do PT/GO; 3 – Outros.

Data e Horário: 22/03/12 às 19hs.
Local: Assembléia Legislativa do Estado de Goiás.

PT Saudações!

Comissão Estadual Pró-Setorial de Direitos Humanos do PT em Goiás: Allan Hanheman; Ângela Cristina, Pedro Wilson, Maria Paixão, Valminandes e Marcel Farah. 

quinta-feira, 1 de março de 2012

Debate com Valter Pomar em Goiânia: Crise capitalista mundial e o papel da esquerda no Brasil

No dia 07 de março de 2012 as 10h da manhã, no auditório do Instituto de Estudos Sócio Ambientais (IESA) da  UFG, ocorrerá o debate "A crise capitalista mundial e o papel da esquerda no Brasil" cuja mesa será a seguinte: Angela Mascarenhas (Faculdade de Educação); Valter Pomar (PT); Fábio Tokarski (PCdoB);  e Antônio Mazzeu (PCB). 
Data e horário: 07 de março 2012, as 10h.
Realização: Centro Acadêmico de Geografia e DCE da UFG
Endereço: Goiânia-GO, UFG, Campus Samambaia (Campus II), próximo ao conjunto Itatiaia, no  Instituto de Estudos Sócio Ambientais (IESA)

No mesmo dia, as 19h, acontecerá o lançamento da Casa da América Latina com  a apresentação de um filme e depois um debate sobre a integração da América Latina, com a Presença de Valter Pomar. 
Data é horário: 07 de março 2012, as 19h.
Realização: Comunidade FazArte, cursinho popular; PrEA (Programa de Educação Aberta); e Casa da América Latina. 
Endereço: Centro de Cultura Popular José Porfírio, Rua 19 esq. c/ Av. Esperança - Conjunto Itatiaia (ao lado do Restaurante Gurupi - "Pamonharia").

Valter Pomar é Secretario Executivo do Foro de São Paulo (organização que reune os principais partidos de esquerda da America Latina e Caribe), Doutorado em História Econômica pela USP, é membro do diretório nacional do PT, foi membro da executiva nacional do partido entre 1997 a 2005 exercendo as funções de 3o Vice-Presidente e Secretário de Relações Internacionais do PT.

A Articulação de Esquerda, tendência interna do PT, convida a todos/as os/as companheiros/as para assistirem estes debates e as exposições político-programáticas que diferenciam os projetos em disputa na esquerda brasileira. 

PT Saudações!
Porque A nossa Esperança continua Vermelha! 

Conferência que discutiu os desafios da esquerda na América Latina e Caribe, em Lima - Perú, Janeiro/2011





No dia 20 de Janeiro de 2011, a Otra Mirada  organizou, em Lima no Perú, um Seminário para tratar dos desafios da esquerda na América Latina, em parceria com o Foro de São de Paulo.  Segue para conhecimento o quinto vídeo da conferência. Para assistir o restante dos vídeos é só acessar os link's que estão abaixo do texto. 

A Otra Mirada é uma organização sem fins lucrativos que visa ajudar a desenvolver uma sociedade justa e solidária, onde indivíduos e grupos podem desenvolver as suas capacidades completas, no Peru e uma América Latina livre e aberto para o mundo. Atividades desenvolvidas para esta formulação, a formação proposta, e comunicação com vista a atingir este objetivo.  

O Foro de São Paulo (FSP) é um encontro de partidos políticos e organizações de esquerda da América Latina e Caribe. Foi constituido em 1990 quando, juntamente com Fidel Castro, o Partido dos Trabalhadores (PT) convidou outros partidos e movimentos sociais e revolucionários da America Latina e do Caribe para discutir alternativas às políticas neoliberais dominantes na América Latina da década de 1990 e promover a integração econômica, política e cultural da região.

Segundo a organização, atualmente mais de 100 partidos e organizações políticas participam dos encontros. No Brasil, os partidos que compõe o Foro são: PT, PDT, PCdoB, PSB e PCB. As posições políticas variam dentro de um largo espectro, que inclui partidos social-democratas, organizações comunitárias, sindicais e sociais inspirados pela Igreja Católica, grupos étnicos e ambientalistas, organizações nacionalistas, partidos comunistas e ex-grupos guerrilheiros.

O Forum foi criado em 1990 pelo Partido dos Trabalhadores, em São Paulo, onde a reunião se realizou pela primeira vez. Desde então, o FSP tem acontecido a cada um ou dois anos, em diferentes cidades: Manágua (1992), Havana (1993), Montevidéu (1995), San Salvador (1996), Porto Alegre (1997), México (1998), Manágua (2000), Havana (2001), Antígua (2002), Quito (2003), São Paulo (2005), San Salvador (2007) e Montevidéu (2008). O atual Secretario Executivo do Foro de São Paulo é Valter Pomar, Doutorado em História Econômica pela USP, foi membro da executiva nacional do PT entre 1997 a 2005 exercendo as funções de 3o Vice-Presidente a Secretário de Relações Internacionais do Partido, e membro da Articulação de Esquerda.