Por Bruno Elias
No Brasil e na América Latina, vivemos um tempo de grandes possibilidades. Partidos de esquerda governam para grande parte da população da região, garantindo mais democracia, mais igualdade, mais soberania nacional e mais integração continental. No Brasil, oito anos de governo Lula e oito meses de governo Dilma vão deixando para trás o neoliberalismo.
Mas para que estas mudanças tenham sustentabilidade, é preciso mais que ganhar eleições. É preciso organização popular e partidária. Por isto, depois de 31 anos, o Partido dos Trabalhadores é chamado a reforçar seu caráter militante e seu compromisso com um projeto político democrático, popular e socialista.
Precisamos de mais votos, mais organização popular e partidária, entre outros motivos porque a direita brasileira segue atuante e agressiva. E também porque, ao olharmos o mundo, o cenário é inquietante. No rastro da crise do capitalismo neoliberal, mobilizações populares e juvenis foram deflagradas em países árabes, na Europa e também em países vizinhos, como o Chile. Num momento de crise como o atual, em que o capitalismo apresenta toda sua vocação para a barbárie, precisamos agitar bem alto a bandeira do socialismo.
No Brasil, o desafio de consolidar conquistas e aprofundar as mudanças iniciadas em 2003 coincide com um momento especial. Nosso país possui a maior geração de jovens de sua história, aproximadamente 50 milhões, com idade entre 15 e 29 anos.
A partir do governo Lula e agora com Dilma, muita coisa começou a ser mudada e de “juventude problema” passamos a ser alcançados pelas políticas sociais e pelo crescimento econômico dos últimos anos. E é justamente para não pagar pela crise e com otimismo em relação ao país, que queremos muito mais!
Neste país em mudança, uma nova geração de jovens entra em cena. Contrariando o senso comum conservador de que a juventude é apática e despolitizada, acompanhamos o surgimento cada vez maior de novas redes e formas de participação da juventude. No trabalho, nos estudos ou mesmo conectada ao mundo a partir da internet, percebemos na ação comunitária, nas redes sociais ou nas marchas e movimentos juvenis, uma atuação coletiva cada vez mais diversificada.
Ao ser fundado, o PT promoveu um grande encontro entre a geração de jovens que lutou contra a ditadura e a jovem classe trabalhadora presente nas mobilizações da década de 1970 e 1980. Reuniu sonhos e muita luta daquelas e daqueles que dedicaram e dedicam sua vida à transformação da sociedade e ao fim da opressão e da exploração do homem pelo homem.
Apesar de ter sempre contado com muitos jovens em suas fileiras, o PT nunca considerou o tema e a organização dos jovens como prioridade. Por vezes, inclusive, deixou que outros partidos da esquerda brasileira se consolidassem como referência partidária do projeto democrático e popular na juventude.
Precisamos superar em nosso Partido dos Trabalhadores a visão instrumental que encara os jovens como “tarefeiros” ou apenas como quadros “inexperientes” a serem formados para o futuro. A compreensão do jovem como sujeito político do presente, capaz de participar da renovação do projeto político do partido, permanece como um grande desafio.
São por esses e outros motivos que o PT, mesmo com quase 30% da preferência do eleitorado nacional, tem perdido apoio nas novas gerações. Para grande parte dos jovens, o partido já é visto como igual aos demais partidos tradicionais. A crescente institucionalização, o refluxo do debate ideológico e a ausência de discurso e diálogo com os movimentos juvenis reforçam este estigma.
A nossa geração – em um outro período do partido e do país– é desafiada, da mesma forma que a geração que fundou e construiu o PT, a exercer seu protagonismo e ousadia. A realização do 2º Congresso da Juventude do PT neste semestre é uma grande oportunidade para iniciarmos um novo ciclo na história da nossa juventude partidária.
Para tanto, precisaremos reconstruir o trabalho com os jovens como prioridade de todo o partido, passando a contar com uma forte organização de juventude. Uma juventude militante e de massas, com autonomia e capacidade de organizar a base social petista entre os jovens, compreender e viver a realidade da juventude e atuar junto às diversas manifestações juvenis.
Para contribuir com este grande debate, apresentamos ao partido e à juventude nossa candidatura à Secretaria Nacional de Juventude do PT. Comecei minha militância partidária no PT do Tocantins. Atuando no movimento estudantil, fui eleito em 2004 presidente do Diretório Central dos Estudantes da UFT. Em 2005, assumi a Secretaria-Geral do PT de Palmas, permanecendo até 2007, quando fui eleito 1º Vice Presidente da União Nacional dos Estudantes (2007/2009). Atualmente em Brasília, sou coordenador de relações internacionais da Direção Nacional da Juventude do PT.
Estamos entre aqueles e aquelas que reivindicam o PT como partido socialista, democrático e de massas. Com a força da nossa militância, queremos fazer nossa estrela brilhar mais forte na juventude. Somos pela renovação geracional do partido, para que o PT amanhã não seja um mero administrador do possível, mas portador cada vez mais representativo dos sonhos da juventude brasileira.
Saudações Petistas,
Bruno Elias