A luta dos setores populares por melhorar suas condições materiais, cria as condições para elevar espiritualmente o conjunto da sociedade. Ao contrário, a luta de setores da burguesia e de parte dos setores médios para manter o status quo ou até para reduzir direitos, cria as condições para deprimir espiritualmente o conjunto da sociedade.
Hélio Schwartsman dedicou sua coluna de 9 de junho na Folha de S. Paulo ao tema da “classe média”. O texto, intitulado “Farol do iluminismo” é curto e pode ser lido na íntegra. Aí vai:
“Cobram-me um posicionamento em relação às invectivas que minha antiga professora de filosofia Marilena Chaui fez contra a classe média. Para os que não tomaram ciência, ao falar no lançamento do livro “10 Anos de Governos Pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma”, no mês passado, Marilena declarou: “A classe média é uma abominação política, porque é fascista, é uma abominação ética porque é violenta, e é uma abominação cognitiva porque é ignorante. Fim”.
E nem é preciso muito malabarismo filosófico para chegar a essa conclusão. Trata-se, na verdade, de uma questão empírica fácil de verificar. As várias pesquisas Datafolha que exploraram a opinião do brasileiro em temas controversos publicadas ao longo dos últimos anos mostram que são invariavelmente os mais ricos que manifestam as posições mais progressistas. Eles apoiam proporcionalmente mais do que os pobres o aborto, a eutanásia e a legalização das drogas. São mais tolerantes em relação ao homossexualismo e menos religiosos. Tendem a ser mais severos com políticos corruptos.
Quem primeiro chamou a atenção para esse fenômeno foi o sociólogo Alberto Carlos Almeida no livro “A Cabeça do Brasileiro”, lançado em 2007 e que, à época, despertou bastante polêmica. Se pensarmos bem, entretanto, tais conclusões não deveriam surpreender ninguém. É mais do que conhecida a correlação entre renda e nível de instrução, e uma das principais razões por que mandamos as crianças para a escola é torná-las pessoas mais sábias e esclarecidas.”
Não tive a oportunidade de ter Marilena Chauí como professora, nem estava presente no momento em que ela lançou suas “invectivas” sobre a “classe média”. Mas recebi os ecos no dia seguinte, durante uma atividade em que tanto Lula quanto Dilma fizeram referência ao ocorrido.
Confira o texto na íntegra no link: http://pagina13.org.br/2013/06/marilena-e-a-turma-do-farol/