Rosa Luxemburgo.
O Grito dos Excluídos acontece todos os anos. O grito de modo geral serve para quebrar ou mesmo impactar a normalidade, o grito serve aos excluídos para faze-nos visíveis. Sempre nos calamos, resignados seguimos marchando ocupando as margens da sociedade. E num gesto simbólico escolhemos gritar para ser ouvidos, escolhemos ocupar as ruas no dia da independência para clamar por liberdade para sair das margens. Este é um momento de angústias e esperanças.
Esperança devido ao modelo capitalista em curso na sociedade apresentar indícios de fadiga. já a angústia se dá diante da perversidade do atual momento histórico e sua luta incessante de sobreviver.
O Estado de Direito alicerçado no direito a liberdade, a propriedade privada e na participação democrática de todo e qualquer cidadão, tem demonstrado sua incapacidade frente às demandas dos excluídos, marginalizados; as ditas minorias (mulheres, negros, lgbtts, idosos, deficientes e pobres etc.) a falácia da igualdade de homens e mulheres, têm no cotidiano mostrado sua face mais perversa. Todos os dias somos feridos na nossa condição de seres humanos. É ferida que não se cicatriza, e a cada novo golpe a ferida sangra, e temos a impressão que é um câncer que atinge a nossa dignidade.
É sistema de transporte precário, que nos humilha como cidadãos, limitados na nossa capacidade de ir e vir pela cidade, na sua alta tarifa que nada tem haver com sua qualidade. É a precariedade do serviço de saúde que têm produzidos estatísticas de mortes em leitos de hospitais. É o sistema de segurança pública que reproduz a lógica excludente, conservadora e violenta de uma sociedade que não dialoga com o grande contingente de excluídos - marginalizados, torturados, descartáveis - do processo produtivo e consumista.
Nosso estado ainda sofre com o trabalho escravo, que pensávamos abolido há mais de 100 anos. Desde 2003, foram 752 resgates, sendo que mais da metade atuavam no cultivo de cana-de-açúcar, seguidos pelo cultivo de soja. Goiás possui 19 estabelecimentos enquadrados na Lista Suja da mão de obra escrava do Brasil.
Durante sua campanha, o atual ocupante do Palácio das Esmeraldas, Marconi Perillo, em nenhum momento apresentou projeto de privatizações ou fez menção neste sentido. Ao iniciar a atual gestão, assistimos perplexos à sua capacidade de, sem consulta à população, anunciar privatizações arbitrárias, com a nítida intenção de transformar em lucro aquilo que foi construído com o suor de nosso povo para servi-lo. Se o governo deve ser para a totalidade dos cidadãos, como tratar como mercadoria de uma elite um patrimônio pertencente a todos? Na Educação, apresenta-se um projeto que atenta contra a democracia, inserindo a competição entre os trabalhadores da área, por processos meritocráticos.
Nadando contra a corrente, a organização popular tem resistido com pautas democráticas e alternativas a este modelo de gestão do Estado de Goiás. O Grito dos Excluídos é um marco importante em sentido contrário às ações nefastas do atual governo estadual, indicando um momento para que a classe trabalhadora possa apontar uma alternativa a este modelo de fazer política, indicando rumos para a superação da exclusão, rumo a um modelo mais justo e igualitário.
É necessário que os impostos sejam empregados na melhoria dos serviços públicos, e não no repasse aos grandes empresários por meio de isenções fiscais, priorizando a construção de hospitais, escolas e a agricultura familiar, e não na construção de obras faraônicas e o agronegócio. Chega de um Estado que sirva a alguns poucos que concentram seus recursos!
Não queremos nos acostumar com violência, à precariedade dos serviços públicos e à desigualdade. Não é possível tolerar um modelo que hierarquiza seres humanos de acordo com suas posses, criminalizando os que têm menos. Outro modelo é urgente, e somente a organização e a luta popular podem construí-lo.
Hoje gritaremos, e amanhã será outro dia!
Direção Estadual da Articulação de Esquerda - Tendência do PT
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