sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Nota da AE sobre o grito dos excluídos - Grito para quebrar o invisível



"Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem".
Rosa Luxemburgo.

O Grito dos Excluídos acontece todos os anos. O grito de modo geral serve para quebrar ou mesmo impactar a normalidade, o grito serve aos excluídos para faze-nos visíveis. Sempre nos calamos, resignados seguimos marchando ocupando as margens da sociedade. E num gesto simbólico escolhemos gritar para ser ouvidos, escolhemos ocupar as ruas no dia da independência para clamar por liberdade para sair das margens. Este é um momento de angústias e esperanças. 

Esperança devido ao modelo capitalista em curso na sociedade apresentar indícios de fadiga. já a angústia se dá diante da perversidade do atual momento histórico e sua luta incessante de sobreviver. 


O Estado de Direito alicerçado no direito a liberdade, a propriedade privada e na participação democrática de todo e qualquer cidadão, tem demonstrado sua incapacidade frente às demandas dos excluídos, marginalizados; as ditas minorias (mulheres, negros, lgbtts, idosos, deficientes e pobres etc.) a falácia da igualdade de homens e mulheres, têm no cotidiano mostrado sua face mais perversa. Todos os dias somos feridos na nossa condição de seres humanos. É ferida que não se cicatriza, e a cada novo golpe a ferida sangra, e temos a impressão que é um câncer que atinge a nossa dignidade. 


É sistema de transporte precário, que nos humilha como cidadãos, limitados na nossa capacidade de ir e vir pela cidade, na sua alta tarifa que nada tem haver com sua qualidade. É a precariedade do serviço de saúde que têm produzidos estatísticas de mortes em leitos de hospitais. É o sistema de segurança pública que reproduz a lógica excludente, conservadora e violenta de uma sociedade que não dialoga com o grande contingente de excluídos - marginalizados, torturados, descartáveis - do processo produtivo e consumista. 


Nosso estado ainda sofre com o trabalho escravo, que pensávamos abolido há mais de 100 anos. Des­de 2003, foram 752 res­ga­tes, sen­do que mais da metade atu­a­vam no cul­ti­vo de ca­na-de-açú­car, seguidos pelo cul­ti­vo de so­ja. Go­i­ás pos­sui 19 es­ta­be­le­ci­men­tos en­qua­dra­dos na Lis­ta Su­ja da mão de obra es­cra­va do Bra­sil.


Durante sua campanha, o atual ocupante do Palácio das Esmeraldas, Marconi Perillo, em nenhum momento apresentou projeto de privatizações ou fez menção neste sentido. Ao iniciar a atual gestão, assistimos perplexos à sua capacidade de, sem consulta à população, anunciar privatizações arbitrárias, com a nítida intenção de transformar em lucro aquilo que foi construído com o suor de nosso povo para servi-lo. Se o governo deve ser para a totalidade dos cidadãos, como tratar como mercadoria de uma elite um patrimônio pertencente a todos? Na Educação, apresenta-se um projeto que atenta contra a democracia, inserindo a competição entre os trabalhadores da área, por processos meritocráticos. 


Nadando contra a corrente, a organização popular tem resistido com pautas democráticas e alternativas a este modelo de gestão do Estado de Goiás. O Grito dos Excluídos é um marco importante em sentido contrário às ações nefastas do atual governo estadual, indicando um momento para que a classe trabalhadora possa apontar uma alternativa a este modelo de fazer política, indicando rumos para a superação da exclusão, rumo a um modelo mais justo e igualitário.


É necessário que os impostos sejam empregados na melhoria dos serviços públicos, e não no repasse aos grandes empresários por meio de isenções fiscais, priorizando a construção de hospitais, escolas e a agricultura familiar, e não na construção de obras faraônicas e o agronegócio. Chega de um Estado que sirva a alguns poucos que concentram seus recursos! 

Não queremos nos acostumar com violência, à precariedade dos serviços públicos e à desigualdade. Não é possível tolerar um modelo que hierarquiza seres humanos de acordo com suas posses, criminalizando os que têm menos. Outro modelo é urgente, e somente a organização e a luta popular podem construí-lo.


Hoje gritaremos, e amanhã será outro dia!
Direção Estadual da Articulação de Esquerda - Tendência do PT

A Juventude quer falar; a juventude não vai te deixar dormir - Por Flávio Batista*


Falar de juventude não é fácil. Defini – lá muito menos. Estamos em vários lugares, somos explosões de adrenalina e insegurança, de medo e coragem, de amor e de ódio, somos uma contradição nata. O fato de nossa definição ser tão ampla nos permite dizer que na verdade não somos uma faixa etária a ser definida muito menos estatísticas definidoras de futura mão de obra econômica ativa, na realidade a nossa definição se encontra onde socialmente nos encontramos e culturalmente nos relacionamos.


Quando a sociedade dita moderna com uma estrutura hierarquizada, aponta lideres do coletivo familiar, detentor da propriedade privada, do poder econômico, político e ideológico, o poder de decisão da organização da vida acaba por ficar com quem se encontra no alto da pirâmide hierárquica. 

Nós os jovens como o senso comum nos define somos uma etapa de transição, definidas exclusivamente por nosso comportamento e estereótipos, esses por sua vez, são construídos socialmente, acabamos ficando de fora de tomada de decisões e a sociedade contemporânea capitalista e consumista acaba definindo nosso futuro, seja para mercado de trabalho ou por uma cultura fundamentalmente individualizada, na qual nossa capacidade criativa e potencial são alijados, monitorados, tutelados e até mesmo controlados como se fossemos um risco para a sociedade.

Os últimos anos têm demonstrado a incapacidade deste modelo de sociedade e de sua organização política, econômica e ideológica de compreender a juventude na sua diversidade e importância. O desemprego estrutural, as péssimas condições de trabalho e remuneração, a violência gritante, a saúde precária, a concentração fundiária, a monopolização dos meios de comunicação, a educação voltada apenas para formação de mão de obra entre outros problemas tem afetado diretamente a juventude e sua luta pela sobrevivência.

As PPJ (Políticas Públicas de Juventude) devem se basear na idéia que jovens são sujeitos de direitos com necessidades específicas e singulares, portadores de rica diversidade, com diferenças de identidade, organização e expressão artística, cultural, política, etc.). As PPJ têm papel importante no reconhecimento dessas peculiaridades e como ação afirmativa para que o poder público e toda sociedade passem a reconhecer este segmento. 

As conferências da Juventude é um marco importante para a participação e efetivação dos direitos políticos da juventude. A etapa municipal da juventude em Aparecida de Goiânia, contrapondo mesmo a maneira de organização histórica do município clientelista, que partem de decisões tomadas antes do debate profundo, e participação democrática, marcou claramente o espaço de decisório da conferência. 

A juventude do PT, os movimentos sociais e organizações juvenis se mostraram presente nos eixos de debates e juntos proporão, discutiram e aprovaram a criação de uma secretária de juventude e do conselho municipal de juventude.Proposta mais avançada do ponto de vista da participação democrática da juventude, isso permite a participação massiva da sociedade civil e garante a diversidade do contingente jovem de Aparecida de Goiânia. Foi nesse intuito que se reuniu a juventude de Aparecida de Goiânia se mostrou cansada do modelo de política do município e apresentou e apontou uma nova característica dessa geração; Se vocês não nos deixarem sonhar. Nós não os deixaremos dormir!

Flávio Batista
Morador de Aparecida de Goiânia-GO
Estudante de Geografia da Universidade Federal de Goiás
Coordenador do Cursinho Popular Vozes da Resitencia
e Militante do Partido dos Trabalhadores